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Sem olhar pra trás

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Suas mãos ainda tremiam de nervoso e, por entre as veias que estavam expostas à pele, pulsando intensamente, ainda escorria um fio de sangue que formava uma pequena possa vermelha no chão escuro de carvalho envelhecido. Aquela sala, aquela janela, aquele céu azul. Cenário que Amélia já vira tantas vezes e estava acostumada, assim como estava acostumada à dor que consumia seu peito. Havia noites em que ela passava o tempo todo acordada, ouvindo a respiração e o ronco das outras garotas; aquela dor não a deixava dormir. Em breve estarei longe daqui, ela pensava, e quando eu for embora desse lugar, vou sair sem olhar pra trás. Vou dar de ombros, dar à costa e ir pra jamais retornar. Amélia fechou os olhos e se imaginou livre. Uma brisa entrou pela janela e balançou seus cachos negros enquanto ela, ainda de olhos serrados, se via pra fora daqueles muros, daquela vida. Será que lá fora ela ainda sentiria todo o desprezo? Será que ela ainda se perguntaria por quê? Será que a dor...