Peça de Natal Evangélica: "Não vai ter Natal"

Faaala gente! Eu sei, eu seeeei que já tô há um tempinho fora daqui, porém quero falar do fundo do meu coração pra vocês que não é por vontade própria, mas porque as coisas estão demasiadamente corridas e eu não tive tempo pra estar aqui. Na verdade, meu temor é que, às vésperas de completarmos 10 maravilhosos anos de blog, eu comece a não ter mais tempo pra postar. Será que você pode orar pra que isso não aconteça na minha vida?

Mas enfim, deixemos as lamentações e os temores para trás porque... chegou Dezembro! E pra iniciar esse mês de postagens aqui no blog que, se Deus quiser eu vou conseguir ser constante, eu quero deixar pra vocês um texto de um teatro evangélico de Natal que eu escrevi em parceria com meu cunhado para o Natal do ano passado na minha Igreja, chamado: “Não vai ter Natal”.

Ocorreu que, no dia das crianças do ano passado, os professores de escola bíblica da minha Igreja [a Batista do Cordeiro] preparam um teatrinho especial pras crianças, e aquilo mexeu comigo. Fiquei incomodado para escrever uma peça de teatro de Natal. Porém, os dias passaram e eu fui esquecendo daquilo, até que, naquela semana, eu cheguei pra almoçar na minha casa e estava passando um filme sobre o nascimento de Jesus. Ah, não deu outra, eu tive que escrever.

E, vou falar a verdade, o teatro foi um sucesso só, tanto que pediram reapresentação, o que infelizmente não pôde acontecer. Eu decidi compartilhar aqui o texto pra alguém que esteja procurando um bom texto pra fazer na sua Igreja, porque eu cansei de procurar internet à fora e não achar nada legal. Além disso, abaixo do texto vai o vídeo do dia da nossa apresentação.

O texto pode parecer grande, mas é bem simples, e depende bastante da apresentação dos atores, por ser uma comédia, vocês vão perceber se assistirem ao vídeo e, principalmente, se compararem o texto ao vídeo, verão quanta coisa foi improvisada. Enfim... espero que vocês gostem, embora esteja bem próximo do Natal, acho que ainda dá tempo de algum grupo de teatro de Igreja ensaiar e apresentar.

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NÃO VAI TER NATAL

Escrita por: Denian Martini e Giancarlo Figueira

SINOPSE: Plena véspera de Natal, a mãe de família Michele decide cancelar a Ceia de Natal por um simples motivo: acabou de se converter. O marido, Rodolfo, fica desesperado e tenta encontrar um meio de convencer a esposa a voltar atrás, afinal de contas, todos já estão a caminho da casa dos dois. Nessa, a confusão está armada!

PERSONAGENS (08 no total):

RODOLFO: bem vestido pra aparentar ser rico;

MICHELE: a mãe que acaba de se converter, também bem vestida pra aparentar riqueza;

SALETE: com uniforme de empregada;

APRESENTADORA: fica escondida a peça toda debaixo da mesa;

GAROTINHO: de preferência alguma criança da Igreja, que fica mais bonitinho;

JUNIOR: de preferência um adulto com roupa de criança pra ser mais engraçado;

GORETE: sogra de Rodolfo, de preferência uma jovem se passando de velha bem perua;

PASTOR: de social, para aparentar ser pastor.

CENÁRIO: Uma sala de jantar, com a mesa já pronta e cheia de enfeites de Natal, coisas que serão fáceis de ser jogadas ao chão e bagunçadas. Se possível, montar uma lareira falsa ao canto.

As cortinas se abrem e mostram ao público o cenário da casa preparada para receber uma Ceia de Natal, enquanto toca alguma música natalina conhecida. Michele entra pela porta, então e fica de frente para o público, encarando a mesa. De repente, a música é interrompida, e Michele avança nas coisas da mesa, jogando tudo ao chão e no povo.

RODOLFO: (vem correndo e gritando do corredor) mas o que tá... meu Deus, Michele! O que cê tá fazendo?! (tenta segurar a esposa, que se solta) mas o que é isso?! Olha a bagunça que cê fez? Depois de dez anos casados, agora que cê resolveu ficar louca?

MICHELE: (grita) NÃO ME CHAMA DE LOUCA! Eu não sou louca e estou bem. Nunca estive tão sã em toda a minha vida!

RODOLFO: Ah claro... então como é que cê explica isso? Se cê não é louca, cê é o que?

MICHELE: Crente, Rodolfo. Agora eu sou crente!

RODOLFO: Não! Crente não! Pelo amor de Deus, crente não! Prefiro você louca! Louco a gente dá um remedinho, qualquer coisa a gente interna... mas crente? O que a gente faz com crente, meu Deus? (fala andando de um lado ao outro, desesperado) Tô ferrado! Cê vai querer dar todo meu suado dinheiro pro pastor e eu vou à falência!

MICHELE: Ser crente não é nada disso não, seu atribulado!

RODOLFO: De onde você tirou essa ideia lou... (Michele o encara) ...vável de virar crente?

MICHELE: Eu tava voltando das compras de Natal, aí passei na frente de uma Igreja Evangélica que tava tocando uma música muito bonita, aí eu entrei, ouvi a mensagem do pastor... enfim. Me tornei crente, e a minha primeira decisão como crente foi a de cancelar o Natal aqui em casa. Nada de Natal esse ano!

RODOLFO: Mas por quê?!

MICHELE: Porque todo ano a gente faz a Ceia de Natal, vem a minha família e sua família, ninguém se entende, daí cê bebe e vai brigar com o meu irmão, cês dois saem no tapa... Ah, tô cansada disso. E tem mais, na Bíblia não fala nada pra gente comemorar o nascimento de Jesus, então eu decidi e tá decidido. Não vai ter Natal esse ano e ponto final! (braços cruzados, batendo o pé no chão)

RODOLFO: E você decidiu isso agora? Plena véspera de Natal, seis horas da tarde? Já tá todo mundo vindo pra cá, o que a gente vai fazer quando eles chegarem, hein? E o que eu vou falar pro meu chefe, que justo esse ano eu convidei pra vir passar o Natal aqui em casa? Se eu ligar pra ele agora pedindo pra ele cancelar é capaz de ele me mandar embora!

MICHELE: (com as mãos pro alto) Glória a Deus! Quem sabe não é Deus te ensinando a amar menos o dinheiro, hein? Olha, eu não quero nem saber que desculpa cê vai dar, eu sei que é que não vai ter Natal!

Michele sai pelo corredor.

RODOLFO: O que eu vou fazer agora? Os convidados já devem estar chegando, o que eu vou fazer? (fica andando de um lado ao outro pensativo) já sei. Salete! SALEEEETE!

Salete vem correndo do corredor.

SALETE: Aaaaai, que foi?! Que foi, seu Rodolfo.

RODOLFO: Salete, dá um jeito nessa bagunça aqui que...

SALETE: Eu não! (cruza os braços)

Rodolfo encara a empregada.

RODOLFO: Mas o que é isso agora? Tá chovendo debaixo pra cima por um acaso? O capim tá comendo o boi e eu não to sabendo?

SALETE: Seu Rodolfo, o senhor me chamou hoje aqui pra “ajudar” na Ceia de Natal, mas isso já é um exagero! Olha a zona de guerra que tá isso aqui! Eu sei que o senhor prometeu pagar hora extra a 200 por cento, mas mesmo assim não dá não. E tem mais, dona Michele acabou de me falar que não vai mais ter Natal, então eu vou pra casa que eu ganho mais. Partiu!

RODOLFO: Salete, a minha mulher ficou louca!

MICHELE: (grita dos bastidores) NÃO ME CHAMA DE LOUCA!

RODOLFO: A Michele não sabe o que tá falando. Olha, se você ficar eu te pago hora extra a 300 por cento! (Salete dá uma olhadinha ao redor) 500! 500 por cento e você ajuda aqui, por favooor! (Rodolfo ajoelha).

SALETE: (para o público) Ai, o que seria dessa família sem mim?! (e começa a arrumar a sala)

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