Vida... em meio à morte!

Aquele era um dia muito triste para todos. Já amanhecera chovendo, como se o próprio céu quisesse mostrar a sua participação naquele humilde velório. Eram poucas as pessoas que estavam lá para velar aquela pequena criança que muito lutara contra o câncer, mas que não resistira.

No momento da cerimônia, mesmo o pastor estava deslocado, procurando as palavras mais oportunas para usar num momento de tanta dor. Ele era um menino tão educado e obediente, nunca foi motivo de vergonha para seus pais, em qualquer lugar onde estava era sempre afamado pela boa educação e cortesia, mesmo tendo pouco mais de quatro anos de idade.

Deitado ali naquele pequeno caixão, seu corpo inerte não traspassava a agitação e alegria de quando estava vivo, embora seu rosto gelado desenhava-se um singelo sorriso. Sua mãe tentava ser forte, mas ao observar os traços daquelas mãozinhas que não mais a acariciaria, voltava ao pranto, recostada nos ombros de seu marido, que trazia em seu olhar as marcas daqueles que procuram respostas e não conseguem encontrar.

O pastor, então, terminou as suas palavras, e fez uma última oração, antes que o caixão fosse fechado e ninguém mais veria aquela face tão bela e, agora, tão fria. Terminaram a oração, fecharam a esquife, caminharam para o cemitério. A chuva era densa e atrapalhava a todos os que teciam a corte fúnebre.

Porém, a chuva era bem apropriada para aquele que acompanhava tudo de longe, sem que ninguém o visse. De longe e observou todo o enterro, até que puseram a fecharam o túmulo e, um a um, foram saindo daquele ambiente carregado de tristeza, onde, por fim, restaram apenas os pais.

O pastor fora um dos últimos a sair e, antes que chegasse ao portão foi interrompido por aquele rosto familiar. Os dois, então, se dirigiram até um lugar coberto, onde a chuva não mais os atrapalharia. O rapaz que a tudo observara, estava ensopado, e, no seu rosto, a água salgada se misturava à água da chuva.

- Por que, pastor? Deus é tão bom, eu sei, mas por que? Ele questionava de todo o coração. Eu não quero me rebelar contra Deus, eu sei que isto é o pior, mas por que Ele permitiu que uma criança tão boa sofresse tanto e morresse? Em Suas mãos não está a cura? Já ouvi de tantos que foram curados, por que ele não foi, pastor?

Antes mesmo que o pastor pudesse trazer uma resposta, ele continuou: eu conhecia ao Senhor Jesus a por causa das palavras que este inocente menino me disse, um dia, no ponto de um ônibus. Por que Deus não o curou? Eu sinceramente não quero me irar contra o Senhor, pois sei que não sou nada, mas estas questões me tiram a paz.

O pastor podia enxergar a sinceridade em cada palavra e em cada olhar que aquele humilde rapaz esboçava. Então, guiado pelo Espírito de Deus, abriu a Bíblia que ainda estava em suas mãos e leu o seguinte versículo:

“Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” João 11:25

- Não vamos encontrar todas as respostas da vida (disse o pastor), mas algumas certezas Deus permite que nós tenhamos. O Senhor Jesus Cristo disse estas palavras quando Lázaro havia morrido. Sabe, Ele ressuscitou a Lázaro, mas Lázaro tornou a morrer de novo, e o Senhor Jesus Cristo não tornou a ressuscitá-lo.

O pastor prosseguiu sem medo, mas com autoridade: nossa vida não é apenas aqui, meu jovem, mas é na eternidade também. Exatamente por isso o Senhor Jesus Cristo morreu na cruz por nós, porque Deus pode nos dar o que quisermos nesta vida, mas se Cristo não tivesse morrido e pagado nossa dívida, na eternidade estaríamos mortos.

- Vida, meu jovem, não é apenas o hoje e o agora, mas a vida eterna também, e Deus é tão tremendo que nos dá a Vida aqui e na eternidade. Aquela criança tão inocente, na verdade não morreu, mas passou para o outro lado da vida. Agora, então, resta que nós aguardemos para irmos para ela, e, assim, estarmos eternamente ao lado de Deus.

- Na verdade, não existe morte para aqueles que estão em Cristo Jesus, nosso Salvador. Estes estão na Vida, e na Vida estarão eternamente, assim como todos os que aceitarem ao Senhor Jesus Cristo, confessando seus pecados e permitindo que o Espírito Santo entre dentro de seus corações e faça morada. A partir deste momento, a morte morre e estes alcançam a Vida plena e única.

"Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho" Filipenses 1:21

Deus abençoe!!