Vida... em meio à solidão!


As grandes e amplas salas ecoavam os vazios passos que se davam por aqueles cômodos. Uma mansão tão grande e coberta de bens, mas todos tão ocos daquilo que realmente pudesse satisfazer a alma cansada de um homem vivido e experiente nos façanhas da vida.

Suas mãos já não eram tão destras como em sua juventude, seus pensamentos já carregavam traços de sua avançada idade, e seus passos já estavam retardados. Seus olhos já não alcançavam o longe, tudo ficava embaçado e, por vezes, tudo parecia rodar em sua cabeça.

Aqueles dias estavam tão difíceis, ele estava tão sozinho, tão vazio. Sua única companhia eram os empregados, mas a relação entre eles era tão indiferente que ele nem se sentia acompanhado. Ele queria tanto ter alguém para conversar, para pedir ajuda... para amar.

Ah... se ele tivesse tido muitos filhos como seus pais fizeram. Ah... se ele tivesse mantido um relacionamento saudável com seus irmãos. Ah... se ele tivesse mantido um relacionamento saudável com sua namorada e a não tivesse traído com  tantas outras.

Mas nada disso havia acontecido, e ele sentia que a fonte de todos os males em sua vida era o amor que ele havia mantido pelo dinheiro. Aquele dinheiro sujo que era conquistado através dos cambalachos que ele fazia quando exercia sua vida de político. Aquele dinheiro que um dia lhe parecera tão valioso, mas que agora mostrava tão sem valor.

De que lhe adiantava ter um carro do último tipo, pisos e paredes cobertas de tudo o que se diz mais valioso, mas trazer um coração todo vazio e insatisfeito. Suas festas e cerimônias eram recheadas de pessoas e sorrisos, mas ele bem sabia que não podia contar com nenhuma dessas pessoas.

Agora, na velhice da vida, tudo isto passava em sua cabeça como um filme, todos os dias, todas as horas. Ele descobriu, então, que nunca fora feliz de verdade, mas apegava-se à uma ilusão que, assim como uma maquiagem, se desfaz com o tempo, revelando a verdadeira face.

Ele estava tão desiludido, nada mais lhe parecia agradável, talvez a morte lhe fosse sua última companheira. E, sentando ali naquela biblioteca, que continha os mais lidos e aclamados livros de todos os tempos, a tarde estava caindo, a luz forte do dia tornava-se laranja e tudo estava como deveria estar, mais uma vez.

Ele, então, decidiu pegar algum livro para ler. Ele amava ler bons livros, mas até este desejo esvaecera com o tempo. Haviam tantos livros naquela biblioteca que, por uma fração de momento, ele sentiu-se em dúvida. Mas não hesitou, estendeu a mão para o primeiro livro que alcançasse na prateleira à sua frente.

Ele tomou em seus braços o mais precioso Livro que um homem pode ter. E, sem perceber o valor inestimável daquelas palavras, ele abriu e leu, com dificuldade, àquelas palavras, que diziam:

“... e eis que Eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” Mateus 28:20b

Por um momento ele sentiu-se indigno de ouvir tais palavras, pois estas ecoaram em seu coração, como a voz de Deus falando dentro de si. Fechou o livro e leu: era a Bíblia Sagrada, um presente que recebera a muitos anos de um grande amigo que acreditava nele. Um presente tão precioso que ele nunca havia usado.

Em seu rosto enrugado rolaram lágrimas de arrependimento e libertação. A única palavra que podia soar de sua boca era: perdão. Perdão por ter errado tanto e tantas vezes o mesmo erro, dando valor ao dinheiro e esquecendo-se do Verdadeiro e Vivo Deus.

E, ali naquela biblioteca, tudo em sua vida mudou. O único pedido que ele tinha a fazer a Deus era que o SENHOR permitisse que o resto de seus dias fossem vividos da melhor maneira possível à Ele. Era um pedido atrasado, que poderia ter sido feito antes, mas que partia de um coração antes solitário, mas agora cheio da Presença do Espírito Santo.

Ah... como Deus é tremendo. Sempre está atento à oração do solitário, do de coração abatido e quebrantado. Sempre discerne o verdadeiro arrependimento e está sempre de braços abertos para receber todos quanto querem ser feitos filhos d’Ele.

Deus abençoe!!

Comentários

Postar um comentário