A rotina estava tão puxada para
um rapaz tão jovem como ele. Trabalhava quase todos os dias da semana,
dedicando-se ao seu emprego com um empenho e uma dedicação que não se encontram
em todos. Ele fazia bem e de coração, mas era um emprego que lhe custava muito
tempo e cansaço.
Então, os dias passavam e ele não
via. Na verdade, ele já trabalhava naquela instituição há quatro anos e não
havia percebido que todo este tempo tinha passado. O mundo mudava, o tempo não
voltava, mas ele só se enxergava dentro daquela instituição, exercendo a sua
tarefa, trabalhando muito.
Até aquela segunda-feira em que
ele foi e voltou. A empresa precisava cortar custos, uma grande crise a estava
abalando e ele foi demitido, assim, de repente. Era como se o seu chão tivesse
fugido de debaixo de seus pés. Tudo o que ele havia investido estavam assim,
simplesmente falidos.
E assim era a sua imagem pelas
ruas, caminhando de cabeça baixa, pensando no que ele poderia ter feito de errado
para ter sido demitido de uma maneira tão cruel. Voltando pelo mesmo caminho em
que ele viera, começou a notar nas diferenças que aquele ambiente havia
sofrido. Como ele pudera passar pelo mesmo caminho tantas vezes e nem perceber
as mudanças que ele havia sofrido?
Só assim ele percebeu que aquele
serviço lhe sugara todas as forças, e ele nem percebera, nem mesmo tinha
reclamado pela mudança, apenas abaixara a cabeça e aceitara todas as condições,
assim como agora, de cabeça baixa, tinha que aceitar a condição de desempregado,
e ter que procurar um novo emprego.
Quando ele chegou ao primeiro
ponto de ônibus de sua longa jornada de volta para casa, refletiu e percebeu que,
na verdade, aquele emprego era a sua vida. Tornara-se o motivo de seu viver
nestes últimos dias e, agora, este seu motivo fora tirado, ele percebeu quão
pequeno e vão era esta razão de viver dentro de si.
Sem perceber, lágrimas rolaram em
seu rosto, e quando ele foi enxuga-las, para que ninguém mais as visse, já era
tarde demais. Um menino sentado ao seu lado no ponto assistiu toda a cena e,
como um expectador assíduo, não disse nada. Aquele menino tinha os olhos tão
verdes, e a cabeça raspada, com os fios de cabelo querendo nascer de novo.
O rapaz ficou envergonhado, sem
saber ao que dizer àquela criança que parecia ser tão inocente, aparentando ter
pouco mais de três anos de idade. Mas o menino foi mais ágil, olhou nos olhos
dele e disse:
- “Cê” já entregou sua vida a
Jesus? Ele é o Salvador e todo mundo precisa entregar a vida “pra” Ele. “Cê” já
fez isso?
Quando ele perguntou, sua mãe,
que estava sentada ao lado dele, ficou sem jeito, não estava envergonhada, sem
saber como olha para o rapaz, que parecera bem receptivo àquelas palavras. Já o
rapaz também não sabia o que dizer, embora ele não desse crédito ao que uma
criança tão pequena havia falado, aquelas palavras pareciam arde-lhe no
coração. Ele, então, dirigiu-se à mãe do menino e disse:
- Ele tem razão, não é?
Seus olhos procuravam enxergar a
verdade dentro dos olhos dela, quando ela respondeu: Sim, é verdade. Ela,
então, olhou um instante para baixo e, logo, já voltou a olhá-lo nos olhos e
dizer:
-De nada nos vale ganhar o mundo
todo, mas perder a alma – ela disse ainda meio hesitante. Nossa vida só vale a
pena quando temos ao Senhor Jesus Cristo, senão, serão apenas dias vazios –
dessa vez ela exclamou com autoridade, como se sua experiência de vida fosse
prova viva da veracidade de suas palavras.
O menino sorriu para o rapaz, e
ele sorriu de volta, respondendo: você tem razão! Já perdi tempo demais
correndo atrás de coisas que não valem a pena. Já está na hora de eu correr
atrás de Deus, somente Ele vale a pena, não é? Perguntou num tom brincalhão.
E ali, sentado naquele ponto de
ônibus, ele sorriu e gargalhou, gargalhou da maneira mais feliz em toda a sua
vida, como nunca antes. Ele sabia que estava diferente, ele sabia que a Verdade
batera na porta de seu coração, e ele, conscientemente, deixou que ela
entrasse, aceitando ao Senhor Jesus Cristo como único Senhor e Salvador.
Ah... como Deus é tremendo! Mostra-se
presente num olhar. E, estando presente, toca o coração daqueles que buscaram
tantas coisas vãs, mas agora almejam encontrar a verdadeira Razão da vida.
Deus, mesmo sendo infinito em grandeza, é capaz de conter-se no olhar de uma
criança.
Deus abençoe!!
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