Deserto


Você já esteve num deserto? Acredito que não, eu, particularmente, nunca estive, e mesmo assim poderia descrevê-lo em poucas palavras. O deserto é um lugar solitário, escasso. No deserto, não apenas os alimentos e líquidos são escassos, como também a companhia e a presença de vegetação e animais. Como a própria palavra diz: é deserto, não há quase nada e quase ninguém.

O deserto também é lugar de duros testes e provas acirradas, afinal, quem passa por um deserto e permanece vivo? Apenas os fortes. Não digo fortes de força, mas fortes na persistência, na coragem, fortes o bastante para acreditarem que o deserto não é fim e, nisso, encontrarem motivação para seguirem até o fim.

Bem, esse é o deserto físico, aquele que estudamos nas aulas de geografia; existe, porém, o deserto espiritual, que nada difere do físico. Os dois são lugares escassos, solitários, e é neles que travaremos as maiores batalhas de nossas vidas.

Muitos personagens bíblicos passaram pelo deserto espiritual, mas hoje eu quero focar nestes: José, Moisés, o povo de Israel e, é claro, o Senhor Jesus Cristo. Todos eles passaram pelo deserto, aprenderam lições valiosas e persistiram até o fim, crendo que o deserto não era o fim, pois as promessas de Deus estavam liberadas sobre eles.

Imagine, então, José. Ele foi traído e vendido por seus irmãos ainda moço, passou pelo deserto para chegar ao Egito; lá, foi vendido para ser escravo de Potifar, capitão da guarda, um homem importante do reino. Trabalhou bem, cresceu, ficou importante, mas, por injustiça, foi preso. Começou aí o seu deserto. A pouca liberdade que tinha foi totalmente tirada, e na prisão ele não tinha nada, a não ser uma certeza: os sonhos que ele tinha quando criança se cumpririam um dia.

Moisés, por sua vez, passou quarenta anos no Egito. Tratado como filho da filha do Faraó, recebia a melhor educação, a melhor alimentação, e habitava no melhor lugar de reino: o palácio. Mas seu coração estava em seu povo, e, um dia, para defender um de seu povo, ele matou um egípcio. Como descobriram seu erro, ele fugiu para o deserto, e ali passou mais quarenta anos pastoreando ovelhas, com o seu coração ainda em seu povo.

O povo de Israel também passou pelo deserto, e também foram quarenta anos. Logo após a libertação do Egito, eles passaram pelo deserto, à caminho da Terra Prometida. Da mesma forma, o Senhor Jesus Cristo passou pelo deserto antes de começar se ministério, e ali travou uma das maiores batalhas espirituais que a Bíblia narra.

Mas, e você? Você já passou ou tem passado pelo deserto? Esses últimos dias eu fui convidado a estar num pequeno deserto. Foram dias de luta interior constante, de grande comunhão com Deus e de preciosas lições aprendidas, algumas delas irei compartilhar aqui. E, se você já passou, passa e ou irá passar, tente entender.

“E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto;” Lucas 4:1

O Espírito Santo conduziu Cristo ao deserto. Era da vontade de Deus que Ele passasse pelo deserto, não apenas Ele como os outros exemplos a cima citado, e como eu e você. É da vontade do SENHOR que nós passemos pelo deserto para que as promessas dele se cumpram em nossas vidas.

E você pode me perguntar: por que Ele quer que nós passemos pelo deserto? Porque no deserto estamos escassos, no limite. Não temos ninguém, nem alimentos e pouca esperança, e é nesse momento que percebemos que temos Ele por companhia, Ele por esperança e Ele por alimento de nossas almas todo o tempo.

No deserto aprendemos a confiar n’Ele porque é a única esperança que temos e, somente aí, percebemos que devemos confiar n’Ele o tempo todo. Ele é quem nos faz companhia, nos alimenta e preenche espiritualmente, e se não percebemos isso quando estamos cheios, Ele nos levará a estarmos vazios para que possamos dar o devido valor a Ele.

Se José fosse direto da casa de Potifar ao palácio do Faraó, poderia pensar que foi por mérito próprio; assim também com Moisés. Se ele tivesse conseguido libertar o povo de Israel ainda quando habitava nos palácios, pensaria que a força de seu braço o fizera conseguir. Então eles passaram pelo deserto a fim de aprenderem a depender de Deus.

O povo de Israel, entretanto, é um mal exemplo. Passou pelo deserto, mas parecia ignorar a existência da Terra Prometida. Ao invés de aprender as lições de Deus, murmurava; não confiava no SENHOR e inúmeras vezes pediam prova para saberem se Deus era realmente com eles. Aprenda uma coisa: Deus nunca irá te conduzir a um lugar onde Ele não estará com você; se estamos num lugar onde Deus não está conosco, foram nossos próprios pés que nos levaram, e não a vontade de Deus.

E, por fim, temos a última lição. O Senhor Jesus Cristo foi conduzido ao deserto antes de começar seu ministério; venceu a tentação de Satanás e, logo após, começou sua caminhada. Da prisão, José foi levado ao segundo do reino; do deserto, Moisés foi levado à presença de Faraó para libertar o povo; do deserto Israel chegou à Terra Prometida. O deserto é o último estágio, depois dele já se cumprem as promessas de Deus.

Nossa dificuldade é saber quanto tempo durará o deserto, mas, depois dele, as promessas já se cumprem. E, quando o deserto findar, aí é pra valer; não pense que as lutas morrem no deserto, no deserto as lutas são internas, são dúvidas e preocupações, mas quando você passa dele, as lutas também são grandes e difíceis, porém, nesse momento você estará realizado: terá vencido o deserto e verá cumprida a Promessa do SENHOR em si.

Por isso, se você está no deserto, não desanime, mas vença-o. Lembre-se: Ele está contigo, te ensinando; lembre-se também que o deserto tem um fim, e o fim do deserto é diretamente o cumprimento da promessa de Deus, sem nenhuma demora. E se você ainda não passou, não tenha medo, pois Cristo te faz mais que vencedor.


Deus abençoe!!

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