Peça de Natal Evangélica: "Um Natal Perfeito!"

E aí, leitores do blog, como vocês estão? Hoje estou aqui pra compartilhar mais uma peça de teatro de Natal. Eu já deixei outras duas peças, “Não vai ter Natal” e “Adivinha quem vem pro Natal?”, e como elas foram muito bem aceitas, estou aqui pra deixar uma terceira.

Essa peça de teatro na verdade foi adaptada. Quero dizer, o texto é todo original, mas esse teatro deveria ser uma continuação das outras duas peças. Porém, como tivemos alguns problemas que nos impediram, eu adaptei o texto para ser uma história independente das outras duas.

Espero que vocês gostem, se divirtam e reproduzam a peça em suas Igrejas. Caso isso aconteça, não esqueçam de gravar, postar e deixar o link aqui nos comentários, para que eu possa assistir. Combinados? Então… bora

----*----

----*----

SINOPSE: Na véspera de Natal, a pensão “Com 6 São” recebe a reserva de um famoso artista e, para isso, precisará garantir que terá uma Ceia de Natal perfeita. Nisso, uma grande confusão levará a todos descobrirem qual a receita de um verdadeiro Natal perfeito!

PERSONAGENS:

NELSON: Dono da pensão, veste uma roupa comum, é pão-duro e mau humorado;

CLÓVIS: Funcionário da pensão que é tranquilo, veste roupas sociais, suspensório, cabelo repartido ao meio, óculos e é gago;

ALAOR: morador da pensão velhinho e hipocondríaco;

LAVÍNIA CAMILA: filha de Nelson, adolescente que quer ser influencer;

LETÍCIA MIRELA: filha do meio Nelson, a mais manhosa;

LORRAINE JUSSARA: filha mais nova de Nelson, que vive aprontando;

SUZAN: Moradora da pensão que vive sendo perseguida por Lorraine Jussara;

GODOFREDO: cozinheiro da pensão, veste roupas brancas, tipo de açougue;

MOTOBOY: faz duas aparições, a maior parte improvisada, pode ser um personagem que seja retirado da peça, caso não tenha pessoal para fazer;

PAPAI NOEL HAVAIANO: criança vestida de Papai Noel havaiano que dança quando toca a música;

ASAS BANDER RAUSEN ROSEN FLAUSER: Famoso artista que se hospedará na pensão, usando roupas chamativas.


CENÁRIO: A entrada de uma pensão sem decoração, uma escrivaninha, um sofá e uma poltrona, com uma mesa de centro pequena. No canto a mesa de jantar. Atrás, um cartaz escrito “Pensão Com 6 São”. Antes do culto começar, pedir que as pessoas escrevam num papel o que não pode faltar num Natal perfeito. Ler as respostas mais engraçadas antes do teatro começar, mas guardar a resposta mais bonita para se ler no final da peça. Preparar um vídeo com uma mensagem de Natal do pastor para passar no final da peça também.

Cortina se abre, e Neslon vem pelo corredor.

NELSON: Ai! Ai! Véspera de Natal, dia corrido [abre a janela, som de pássaro cantando] Que dia bonito, os pássaros cantam e está um calor muito agradável! Bom, mas vamos ao trabalho [senta na escrivaninha, toma um papel na mão, é uma lista interminável] Meu Deus! Tudo isso de conta pra pagar?! Eu não aguento! Eu não aguento! Eu não aguento! Essa vida é uma desgraça! Que dia mais horroroso! E essa droga de passarinho que não cala esse bico. [fecha a janela] E esse calor dos infernos! Ai que droga de vida!

CLÓVIS: [entra pela porta] B-bom dia, p-patrãozinho.

NELSON: Bom dia pra quem?!

CLÓVIS: Xii… Já v-vi que o senhor está atacado hoje. P-pois não deveria. Natal é t-tempo de a-amor, c-caridade…

NELSON: Ah, pelo amor de Deus, Clóvis! [pega uma calculadora e vai calculando enquanto conversa]. Essa história de amor no Natal é conversa pra boi dormir. Todo mundo sabe que o Natal é uma festa inventada pra aquecer o comércio. Olha, se eu tivesse grana, eu pegava um avião pros Estados Unidos só pra não ficar aqui no Brasil nessa época.

CLÓVIS: P-pois é aí q-que o senhor se engana. O Natal é m-muito c-comemorado lá nos Estados Unidos.

NELSON: Então eu ia pra outro lugar do mundo.

CLÓVIS: M-mas o Natal é c-celebrado no mundo t-todo, seu Nelson.

NELSON: Então eu pegava um NAVE ESPACIAL e ia pra LUA, só pra não ficar no PLANETA TERRA!!! Está contente agora?

CLÓVIS: Xii… é m-melhor eu ficar na minha, senão vai sobrar pra mim.

ALAOR: [entra pela porta] AI MINHAS COSTAS! Minhas costas! Ô, Clóvis, faz um favor, meu filho. Primeiramente, Feliz Natal. Agora, dá uma conferida aqui e vê se o farmacêutico me vendeu tudo o que ta na receita que eu to começando a desconfiar daquele farmacêutico sem vergonha! (entrega uma sacola de remédios para Clóvis).

CLÓVIS: Q-quê isso, s-seu Alaor, o s-senhor t-toma t-tudo isso de remédio?

ALAOR: Ah, meu filho, são doze comprimidos de manhã, uma inalação antes do almoço, treze comprimidos a tarde, dois antes da janta uma injeção antes de dormir.

CLÓVIS: M-misericórdia! Por que tudo isso?!

ALAOR: É que eu tenho lordose, osteoporose, leptospirose, artrose, artrite, rinite, bronquite, estalactite, asma, miopia, astigmatismo, diabetes, pressão alta, sou cego de um olho e... AI MINHAS COSTAS!

CLÓVIS: Olha, s-se eu chegar nessa idade assim eu p-prefiro morrer!

ALAOR: Não se espanta muito com a minha aparência não, meu filho, que eu acabei de passar dos quarenta e cinco.

CLÓVIS: Do segundo tempo!

ALAOR: O que você disse?!

CLÓVIS: Eu d-disse que é m-muito remédio, seu Alaor, o senhor d-deve gastar um dinheirão nisso tudo!

ALAOR: Ah, eu gasto, e as coisas tão muito difíceis, viu?! Outro dia, fui no velório de um amigo meu, de muuitos anos...

CLÓVIS: O s-senhor ainda lembra? [Alaor o encara]

ALAOR: Então, eu fui no velório desse amigo, aí eu fui dar discurso, quando eu tava acabando a minha dentadura caiu dentro do caixão. Pra não passar vergonha, eu disse: vai amigo, leva meu último sorriso. Levou três meses pra eu comprar outra dentadura. Bom, mas os remédios, tão todos aí?

CLÓVIS: Tá t-tudo aqui.

ALOR: Ah que bom. Então eu vou levar essas coisas pro meu quarto.

CLÓVIS: P-pode deixar q-que eu te ajudo [os dois saem pelo corredor].

LAVÍNIA CAMILA: [entra gravando stories, sempre mascando chiclete] Olá amores, tudo bem com vocês? Aqui é a Lavy eu tô aqui pra desejar um Feliz Natal a todos vocês! Beijos, beijos da Lavy!! [abaixa o celular]. Paps! Precisamos conversar.

NELSON: Nem começa, que eu não tô de bom humor hoje [continua calculando].

LAVÍNIA CAMILA: Mas paisinho, como eu vou ser uma influencer de sucesso se meu celular é ultrapassado?

NELSON: Que história é essa, Lavínia Camila? Eu comprei esse celular pra você começo do ano, e me custou três mil novecentos e quinze reais e dezenove centavos!

LAVÍNIA CAMILA: Eu sei, mas acabaram de lançar um mais novo. É o Aifone 14 Mega Plus Master Blaster Mile Fire Total Flex. Com ele é muito mais fácil gavar storie.

NELSON: Gravar ixtorie! Gravar ixtorie! Você deveria é parar um pouco com esse Instabook e com esse Facegram e me ajudar trabalhando aqui na pensão.

LAVÍNIA CAMILA: Mas pai eu só tenho doze anos. E se eu for uma influencer de sucesso com muitos seguidores, eu posso conseguir um dinheiro, sabia?

NELSON: É mesmo?! [para de calcular] E quantos seguidores você tem?

LAVÍNIA CAMILA: Trinta! Mas está crescendo.

NELSON: Então quando você tiver um monte de seguidores, a gente volta a se falar. Até lá você fica com esse celular mesmo! [e volta a calcular] Esses jovens hoje em dia só querem saber de celular. Tem crianças de cinco anos com celular. No meu tempo, o máximo que criança de cinco anos tinha era piolho.

LAVÍNIA CAMILA: [sai pelo corredor gravando storie] Gente, meu pai não quer me dar um celular novo de natal, vocês acreditam??

ALAOR: [vem pelo corredor] Bem, agora que já guardei tudo, vou aproveitar pra fazer as minhas palavras-cruzadas.

LETÍCIA MIRELA: [vem pelo corredor] Papaai. Papaizinho. Por que não tem decoração de Natal esse ano?

NELSON: Quem disse que não tem? [tira uma pequena árvore de natal da gaveta] Pronto!

LETÍCIA MIRELA: Aff, papaizinho. Só isso?!

NELSON: E você queria mais o quê?!

ALAOR: [fala alto, olhando para as palavras cruzadas] Via expressa famosa da cidade de São Paulo, com nove letras?!

LETÍCIA MIRELA: Que tal uns pinheiros?

ALAOR: [fala alto, olhando para as palavras cruzadas] Pinheiros!

NELSON: Ah, claro. E você vai querer pisca-pisca e Papais noéis pra todos os lados. Isso nos custaria quatrocentos e vinte e um reais e oitenta e oito centavos, e eu já tive que gastar com a viagem da sua mãe à casa da sua vó que não está muito bem. Por isso precisamos economizar. Economizar!

LETÍCIA MIRELA: E na ceia de Natal? Eu não gosto de Chester!

NELSON: Se você não quiser comer chester, você pode comer tataxi.

LETÍCIA MIRELA: Tataxi?! O que é isso, comida japonesa?

NELSON: Não, é comida brasileira mesmo. Tataxi [faz o gesto com as mãos quebrando ovo].

LETÍCIA MIRELA: Aff, pai, ovo?! Poxa eu estava pensando em algo melhor, tipo… tipo...

ALAOR: [fala alto, olhando para as palavras cruzadas] País da América do Sul, com quatro letras?

LETÍCIA MIRELA: tipo um peru.

ALAOR: [fala alto, olhando para as palavras cruzadas] Peru!

NELSON: Me desculpe, querida, mas realizar uma ceia de Natal gastaria cerca de quinhentos e dezenove reais e noventa e um centavos, e o chester veio de graça, porque foi um presente do nosso vizinho. Nós precisamos economizar. Economizar!

LETÍCIA MIRELA: Mas você não vai economizar comigo, sua filha preferida, né paizinho?

NELSON: Do que você está falando, filha?

ALAOR: [fala alto, olhando para as palavras cruzadas] Tempo verbal que indica o agora, com oito letras?

LETÍCIA MIRELA: Eu tô falando do meu presente!

ALAOR: [fala alto, olhando para as palavras cruzadas] Presente!

NELSON: Me desculpe, filhinha, mas esse ano vou te dar um cinto e uma saia: sinto muito, mas saia daqui. Olha só, esses dias um homem bateu aqui em casa e gritou: “esmola” sabe o que eu fiz? Pedi pra ele deixar por debaixo da porta. Não temos dinheiro, e precisamos economizar. Economizar!

ALAOR: [fala alto, olhando para as palavras cruzadas] Ritmo musical brasileiro, com oito letras? [Letícia Mirela começa a chorar, Alaor leva um tempo pra entender]. Ah! Chorinho!

NELSON: E nem adianta querer chiar, filha, que se chiar resolvesse alguma coisa, sal de fruta não morria afogado.

Sai pelo corredor chorando.

SUZAN: [vem pelo corredor puxando Lorraine Jussara pelo braço] Seu Nelson, me desculpe, mas o senhor tem que dar um jeito nessa sua caçula. Eu quero descansar e ela não para de correr ao lado do meu quarto, me atrapalhando.

NELSON: Filha, por que você não deixa a dona Suzan descansar e não para de correr?

LORRAINE JUSSARA: Ué, pai, mas ali não é o corredor?

NELSON: Ai meu Deus, que falta que sua mãe me faz!!!

SUZAN: Seu Nelson, o senhor precisa dar uma boa lição nessa menina [senta no sofá e dá um grito] Mas o que é isso?

LORRAINE JUSSARA: Isso é meu, eu estava brincando com a minha barbie aí ontem a noite.

SUZAN: Menina, você sabe que eu sempre sento aqui. E isso não é brinquedo, é tachinha. Ah, mas agora eu te pego! Eu te pego!

As duas saem correndo pelo corredor.

NELSON: Será que agora eu consigo terminar as minhas contas?!

GODOFREDO: [vem pelo corredor] Ô seu Nelson... eu to com uns pobreminha aí na cozinha.

NELSON: Mais essa. Godofredo, eu estou com problemas na cozinha.

GODOFREDO: O senhor nada, quem tá na cozinha sou eu.

NELSON: Em frente, vai, em frente.

GODOFREDO: Seu Nelson, o pobrema tá no fundo da cozinha, não na frente.

NELSON: Quando eu falo “em frente” é pra você prosseguir. Vamos, me fala qual o problema dessa vez?

GODOFREDO: Sabe o chester que eu ia preparar pra ceia de Natal? Fugiu pela janela.

NELSON: Como assim, fugiu pela janela?!

GODOFREDO: Fugindo, ué? Eu ia cortar a cabeça do bicho e ele se escapuliu pela janela. Eu to desconfiado que aquele chester tava se engraçando com umas galinhas que a vizinha cria aqui do lado.

NELSON: Nossa, mas e agora? Deixa eu pensar... ah, já sei, faz um peru.

GODOFREDO: Também não tem peru.

NELSON: Então faz uma torta salgada. Mistura tudo e assa, vai ficar bom com chester.

GODOFREDO: Pera, eu acabei de falar que o Chester fugiu. Não tem.

NELSON: Hm... sabe o que ficaria bom? Arroz de forno! Todo mundo gosta. [pausa] Ainda mais com chester.

GODOFREDO: Seu Nelson, pelo amor de Deus, presta atenção: acabou o Chester, ele fugiu, ele sumiu!!!

NELSON: Então faz macarronada, tipo italiana!

GODOFREDO: Tá bom então [vai saindo].

NELSON: E não esquece do Chester.

GODOFREDO: Homem, você ta surdo. NÃO TEM CHESTER!

Os dois começam a discutir.

ALAOR: Ai, calma gente, eu ouvi a conversa de vocês. Não precisam ficar nervosos! Godofredo, faz logo só um Chester que ta bom demais.

GODOFREDO: Pelo amor de Deus, eu vou me virar na cozinha senão vocês vão me deixar louco, LOUCOOO! [e sai]

ALAOR: Bom, eu vou tirar meu cochilinho da tarde.

NELSON: Está certo, que Deus te leve.

ALAOR: Deus me leve?!

NELSON: Deus te leve em segurança para seu quarto.

ALAOR: Ah sim… é que na minha idade, Deus te leve pode ser um pouco perigoso [sai pelo corredor].

MOTOBOY: fala improvisada, é super estressado e mau humorado.

NELSON: O que é isso? Que absurdo? De que aplicativo você é, vou reclamar lá!

MOTOBOY: Eu sou do “Ai Rude”! (e sai pela porta)

O telefone toca, Nelson atende. Clóvis vem pelo corredor

NELSON: Pensão “Com 6 São”. Seu conforto, nossa missão, em que posso atendê-lo? [pausa] Sim, temos vagas.[pausa] O que? Toda a cidade está lotada? É por causa do Natal. [pausa] Eu faço a reserva em nome de quem? [pausa] Não! [pausa] Não! [pausa] Não! [pausa] O que?! Ah… não! [pausa] Tudo bem, vou preparar meu melhor lugar.[pausa] Uma exigência?! [pausa] Claro, estaremos providenciando. Até logo. Tenha um bom dia. [desliga o telefone]. Clóvis, você não imagina quem acabou de fechar uma reserva pra essa noite?

CLÓVIS: J-já sei! Jesus!

NELSON: Não! Esse é o enredo do outro teatro. Quem fez reserva foi aquele famoso artista que por onde passa todos sabem quem ele é: o Asas!

CLÓVIS: Ah!!!! Q-quem?!

NELSON: O Asas!

CLÓVIS: A-acho q-que não c-conheço.

NELSON: Como não, Clóvis? Você não conhece o Asas Bander Rausen Rosen Flausen?!

CLÓVIS: Ah, s-sim. Claro. O As… as...

NELSON: Pode parar aí, Clóvis. Se você tentar falar Asas Bander Rausen Rosen Flausen, vamos ficar aqui até amanhã.

CLÓVIS: Ele f-fez aquele filme… “As p-pantetas”.

NELSON: Esse mesmo! Puxa, o maior artista dos últimos tempos estará hospedado aqui essa noite, passando a ceia de natal em nossa pensão! O problema é que exigiu que nós tivéssemos um Natal perfeito. Como vou providenciar tudo isso uma hora dessas? Vou ter que ir às compras! LAVÍNIA CAMILA! LETÍCIA MIRELA! LORRAINE JUSSARA! Venham logo!

AS FILHAS: [vêm pelo corredor] O que foi, pai?

NELSON: Rápido, filhas, precisamos sair. Vamos às compras!

LAVÍNIA CAMILA: [gravando stories] Gente, eu to indo fazer compras com o meu pai!

Os quatro saem pela porta.

GODOFREDO: [vem do corredor] Ô seu Nelson?! Ô seu Nelson?! Clóvis, você viu o seu Nelson por aí?

CLÓVIS: Ele acabou de s-sair, G-godofredo.

GODOFREDO: É que eu tô com outro pobrema na cozinha. Eu ia fazer um bolo, mas ta faltando uma xícara de açúcar. Eu ia passar um café, mas ta faltando uma xícara de café. Eu pensei fazer um torta salgada também, mas ta faltando uma xícara de farinha.

CLÓVIS: M-mas que c-cozinha é essa que n-não tem açúcar, café e farinha?

GODOFREDO: Você não ta entendendo. O que ta faltando é a xícara mesmo. Bom, eu vou no mercado da esquina ver se acho alguma coisa pra ceia de hoje a noite [sai pela porta].

Susan vem do corredor e senta-se no sofá e começa a usar o celular.

SUZAN: Meu Deus, que atrocidade! Esse mundo está perdido!

CLÓVIS: Ah, o m-mundo ta feio mesmo. O que aconteceu pra v-você ficar t-tão chocada?

SUZAN: Acabei de ler na internet que fizeram uma maldade com o gato do meu amigo. Cortaram todo ele!

CLÓVIS: N-nossa, que horror!

SUZAN: Pois é, agora o coitado ta sem energia. Essa maldade me deixa muito estressada, viu!

CLÓVIS: Não se e-estressa não, Susan, você t-tem que ser igual eu: se a vida me d-derrubar, eu aproveito que estou no chão e t-tiro um cochilo.

SUZAN: Ah, mas você deve ter algum segredo pra ser assim tão tranquilo.

CLÓVIS: Na verdade, eu t-tenho mesmo. P-pra não ficar nervoso, t-todo dia de manhã eu t-tomo um suquinho de maracujá. Só hoje eu t-tomei dezoito copos.

LAVÍNIA CAMILA: [entra pela porta] Rápido, Clóvis, vem ajudar o meu pai!

Clóvis ajuda Nelson a trazer e colocar uma árvore de Natal no meio da sala.

ALAOR: [vem pelo corredor] Mas o que está acontecendo aqui?! Não era você que havia dito que tem que economizar, Nelson?

NELSON: Mas essa é uma situação diferente, seu Alaor. Nós estamos prestes a receber o grande Asas Bander Rausen Rosen Flausen aqui na nossa pensão e o Asas Bander Rausen Rosen Flausen exigiu que nós tivéssemos um Natal perfeito. Então, para receber o Asas Bander Rausen Rosen Flausen eu investi alguns tostões. Aliás, eu comprei uma coisinha: [vai buscar a criança vestida de Papai Noel havaiano]. Eu comprei lgo para o senhor também [Nelson joga uma roupa de papai noel em seu Alaor].

ALAOR: Mas o que é isso?

NELSON: Para termos um Natal perfeito, precisamos de um Papai Noel, seu Alaor.

ALAOR: E por que tem que ser eu? Por que não pode ser o Clóvis?

NELSON: Seu Alaor, por favor, não inventa história. Eu já comprei os enfeites, o Godofredo vai preparar a Ceia e agora só falta o bom velhinho.

LETÍCIA MIRELA: É, e de velhinho o senhor entende.

ALAOR: Não vejo graça nisso. Vocês só zombam de mim porque fui o último a chegar na pensão.

LETÍCIA MIRELA: Mas foi o primeiro a chegar no mundo!

NELSON: Letícia Mirela chega! Por favor, seu Alaor, colabora!

Alaor sai pelo corredor reclamando.

GODOFREDO: [entra pela porta] Nossa, foi um Deus nos acuda naquele mercadinho. Por que brasileiro deixa pra fazer tudo de última hora? Pra conseguir essas coisinhas eu tive que bater numa veinha.

TODOS: Bater numa velhinha?!

GODOFREDO: Com a bengala da veia. Bom, vou lá dentro preparar [sai pelo corredor].

NELSON: Enquanto isso, vocês me ajudam a enfeitarmos esse lugar.

LAVÍNIA CAMILA: [gravando stories] Gente, eu to espalhando enfeites aqui na pensão!

Enquanto toca uma música natalina, os três decoram a pensão.

MOTOBOY: [entra pela porta] Foi aqui que pediram uma bolinha??

NELSON: Claro que não! De onde você é?

MOTOBOY: Eu? Eu sou do “Ai Fut”. (e sai pela porta)

NELSON: Ótimo! Agora, é só aguardarmos que logo receberemos Asas Bander Rausen Rosen Flausen. Estou tão nervoso. Acho que vou colocar uma música para relaxar.

Solta música de natal tradicional.

LAVÍNIA CAMILA: Puxa, pai, essa música não. Tenho uma bem mais legal.

Solta música de natal remix.

CLÓVIS: V-você acha essa música l-legal? P-pois vou t-te mostrar o que é m-música boa.

Solta música de natal antiga.

NELSON: Mas essa é muito ruim!

Os três começam a discutir. Alaor vem pelo corredor.

ALAOR: Espero que vocês estejam contentes em me fazer vestir essa coisa ridícula.

CLÓVIS: Q-que isso, seu Alaor, f-ficou a-até bonitinho.

ASAS: [entra pela porta] Olá, boa noite a todos. Aqui é a pensão “Com 6 São”??

NELSON: Ah meu Deus, é ele! É o Asas Bander Rausen Rosen Flausen! [cai desmaido, as filhas o socorrem]

LAVÍNIA CAMILA: [gravando stories] Gente, meu pai desmaiou!

CLÓVIS: P-pode entrar e s-sentar-se aqui, senhor Asas S-Susan Lian…

ASAS: Ei, rapaz, nunca mais me chame de Susan. Mas é claro que você sabe disso.

LAVÍNIA CAMILA: Ele está acordando!

NELSON: Quem estou? Onde sou? Ah… Sr. Asas Bander Rausen Rosen Flausen é uma honra recebê-lo em nossa humilde pensão. Preparamos tudo para que sua estadia seja a mais agradável… ér… Por favor, Papai Noel, atenda nosso hóspede.

ALAOR: Que história é essa, Nelson?!

NELSON: Improvisa, Alaor, entra no personagem e improvisa.

ALAOR: Ho! Ho! Ho! [tosse bastante] Feliz Natal! Você foi um bom menino esse ano?

ASAS: Eu não gosto de Papai Noel. Mas é claro que você sabe disso!

NELSON: Bem, o senhor exigiu um Natal perfeito, nós preparamos tudo. Decoramos a pensão, temos um Papai Noel e preparamos uma Ceia. Aliás, cadê a ceia? CADÊ A CEIA??!

GODOFREDO: [vem pelo corredor] Eu tô chegando! Tô chegando!

NELSON: Então vamos todos nos sentar ao redor da mesa. Venham, ajudem o Sr. Asas Bander Rausen Rosen Flausen. AJUDEM, VAMOS, RÁPIDO.

Todos sentam-se ao redor da mesa.

NELSON: Muito bem. Hoje teremos em nossa ceia…

Godofredo levanta a tampa do prato

TODOS: Frango assado?!

GODOFREDO: O senhor mim desculpa, seu Nelson. Mas foi tudo o que eu consegui comprar. Era isso ou fazer escondidinho com o chester fujão [Godofredo ri, ninguém acha graça].

NELSON: E pra beber, temos algo?

GODOFREDO: Claaaro! [coloca a jarra de água na mesa] Água!

SUSAN: Frango assado e água? Xii… Seu Nelson, esse seu Natal anda bem caidinho, hein?!

LAVÍNIA CAMILA: [gravando stories] Gente, a ceia de Natal aqui de casa está pobre, pobre!

NELSON: Senhor Asas Bander Rausen Rosen Flausen, eu peço desculpas por isso, mas vou tomar providências. Godofredo, o que você acha de passar o ano novo com sua família?

GODOFREDO: Eita! Seria muito bão!

NELSON: Pode passar o resto do ano também, você está demitido!

GODOFREDO: Não, pelo amor de Deus, seu Nelson, o senhor não pode fazer isso comigo. É véspera de Natal, pense nos meus filhos.

NELSON: Você não tem filhos.

GODOFREDO: Mas eu vou ter um dia.

ASAS: Já chega! Esse Natal está horrível, não foi isso que eu pedi, vou embora agora mesmo [sai pela porta]

NELSON: Não acredito que o Asas Bander Rausen Rosen Flausen foi embora. E depois de tudo o que eu gastei.

Nelson senta na mesa e começa a chorar

ALAOR: Ah, seu Nelson, não precisa chorar, não é pra tanto também.

NELSON: Vão todos embora, eu quero ficar sozinho.

GODOFREDO: Seu Nelson… Assim, quando o senhor fala pra eu ir embora…

NELSON: Godofredo, volta pra cozinha antes que eu me arrependa e te demita de vez.

Todos saem pelo corredor. Nelson continua chorando, até que tira um papel do bolso

NELSON: O que é isso?! Ah, me lembrei, um rapaz me entregou lá no centro, quando fui comprar as coisas de Natal. Mas eu nem li o que estava escrito. [ler em voz alta a mensagem] Puxa, mas que mensagem mais linda. Espera, aqui diz que vai ter um recado na televisão sobre isso hoje às sete e meia [olha no relógio] Puxa, é agora.

Liga a TV. Passa um vídeo do pastor no datashow falando sobre o verdadeiro Natal

NELSON: Então esse é o sentido do Natal: o nascimento do Salvador! Que incrível!

CLÓVIS: [vem pelo corredor] S-seu Nelson, olha a notícia que acabou de s-sair: um sósia do Asas se p-passava por ele p-para visitar hotéis e p-pensões nas f-festas comemorativas e d-dar g-golpe. Ele chegava, c-comia, p-passava uma n-noite e ia embora s-sem pagar nada. Ele fez isso na P-páscoa, Ano N-novo, Dia da Indepência e até D-dia da bandeira. O nome v-verdadeiro dele é Teobaldo José.

NELSON: É verdade?! Deixa eu ver [pega o celular da mão de Clóvis]

CLÓVIS: P-por isso ele ficou t-tão bravo e f-foi embora. Ele viu que aqui o s-senhor era t-tão, mas t-tão pobre que não t-tinhoa o que roubar e zarpou.

NELSON: Clóvis, nada disso importa. Sabe por quê? Porque eu descobri o verdadeiro sentido do Natal. Rápido! Todos venham aqui, rápido. [Todos vêm pelo corredor] Vamos nos sentar em volta da mesa e cear, mesmo que tenha apenas frango e água. Quero contar para vocês o que faz um Natal ser perfeito!

As cortinas se fecham com todos sentando-se em volta da mesa, felizes.

FELIZ NATAL!!!


Um forte abraço, Deus te abençoe!

Denian Martini, o cronista.

Comentários