O barco



Dizia o velho: Era um barco sem muito valor sim, só que era um barco. E ele precisava atravessar um longo e trabalhoso mar, que era conhecido por ter tragado os barcos que aparentavam grandeza e poder. Um mar traiçoeiro, que parecia estar a esperar por novos barcos, para poder destruí-los também, levando-os às profundezas de um oceano de desconhecimento e esquecimento!

Ele aparentava ter setenta anos, seu rosto trazia marcas tão profundas em sua pele branca que seus olhos azuis como o céu eram a única esperança em meio à sua face. Seus olhos eram bonitos, seu olhar era distante e trazia as marcas de muita experiência de vida. Sua barba mão feita por vezes se confundia ao seu rosto, de tão branca que era.

E as palavras que aquele senhor dizia pareciam não fazer efeito naquele grupo de jovens que, sei saberem o porquê, pararam para ouvirem as palavras dele. Todos tão jovens, e tão inexperientes. Talvez fosse por isso que estivessem ouvindo a narrativa do velho, ou porque haveria entre eles ao menos um que tivesse piedade daquele homem.

Mas existia Um que saberia todas as técnicas para atravessar tamanho mar e desafio, continuava o homem em sua narrativa que parecia não ter sentido. Ele detinha toda a sabedoria necessária para que atravessasse o mar e entregasse a tripulação sã e salva em seu destino final.

Ele então olhou para o alto, como se procurasse encontrar as palavras nas nuvens, e prosseguiu: e o dono do barco não quis que este tomasse o controle do barco, mas quis dirigi-lo por sua própria vontade, impedindo que o experiente Piloto ao menos adentrasse na embarcação. Vocês sabem me responder o que aconteceu com este barco?

Afundou, respondeu um dos garotos. É, também acho que afundou, o dono do barco era muito burro mesmo, né? Respondeu outro. E qual o sentido de toda esta história? Perguntou aquele que parecia ser o mais rebelde dos três.

Você quer saber qual é o sentido? Tornou a perguntar o velho. Quantos de vocês acharam que o dono do barco estava errado? Os três, então, foram unânimes, e responderam que sim, e foram além, dizendo que não tomariam a mesma atitude se estivessem no lugar do dono do barco.

O velho, ao ouvir isto, gargalhou.

Vocês não fariam o mesmo? Hahahahah..... Vocês fazem o mesmo. Por que, então, vocês não deixam Deus tomar controle de suas vidas? Ele, que é o piloto maior e muito mais experiente, sabe conduzir suas vidas como ninguém. Não é porque vocês são donos de suas vidas que vocês sabem dirigi-las, assim como o dono do barco, da história que eu contei.

Mas vocês são tão arrogantes, não é mesmo? Se acham donos da verdade, detentores de todos os segredos e mistérios, sabem de tudo e não aceitam que outros tomem o controle de suas vidas, não é mesmo? Ou eu estou completamente engando?

Ah, você não sabe o que fala, seu velho! Respondeu o mais rebelde. A vida envolve muitos fatores, muito mais do que dirigir um barco. Você não sabe de nada mesmo, é um velho sem juízo. Vamos embora, galera!

Não, não, garoto precipitado, é simples assim. Deixa que o Piloto maior conduza a sua vida e você provará, mas se você quiser fugir, assim como os covardes fazem, sua vida continuará do jeito que está. Ou você não quer viver a cima da média.

Não teve jeito, o menino foi embora, arrastou o um de seus colegas, que, na verdade, não queria ir, mas foi por não saber dizer “não”. Um terceiro ficou e, perante as palavras do homem sábio, esteve sem reação. As única palavras que soube dizer foi: como eu faço para deixar Deus conduzir a minha vida?

“Assim diz o Senhor, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar” Isaías 48:17

Deus abençoe!!

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