Oleiro

Ele olhou e viu. Viu o barro, tão vil e sem valor; viu o barro ali, desprezado, pisado por todos. Ninguém pensava no barro, ninguém olhava para o barro, ninguém sequer lembrava que aquele barro existia e, se pensasse algo a respeito, seriam pensamentos de desprezo e humilhação. Afinal, o barro serve pra quê? Ele, porém, é diferente. Ele olhou o barro com outros olhos. Ele, na verdade, não vê como os homens veem, e, exatamente por isso, viu no barro algo que ninguém jamais veria. Ele viu no barro uma oportunidade, viu no barro um futuro glorioso, a única coisa que não viu no barro foi barro, como todos veem. Ele, então, tomou o barro nas mãos. Aquilo que ninguém deu importância, que foi insignificante, reles, fútil, agora estava prestes a ser mudado. Uma chance que outro jamais daria, uma chance jamais dada, que vem do céu, do céu dos céus. Alguém já viu algo assim. Ele realmente é demais, você não acha? Então, o barro é colocado no instrumento. Ele, assim, começa molda...