Oleiro

Ele olhou e viu. Viu o barro, tão vil e sem valor; viu o barro ali, desprezado, pisado por todos. Ninguém pensava no barro, ninguém olhava para o barro, ninguém sequer lembrava que aquele barro existia e, se pensasse algo a respeito, seriam pensamentos de desprezo e humilhação. Afinal, o barro serve pra quê?

Ele, porém, é diferente. Ele olhou o barro com outros olhos. Ele, na verdade, não vê como os homens veem, e, exatamente por isso, viu no barro algo que ninguém jamais veria. Ele viu no barro uma oportunidade, viu no barro um futuro glorioso, a única coisa que não viu no barro foi barro, como todos veem.

Ele, então, tomou o barro nas mãos. Aquilo que ninguém deu importância, que foi insignificante, reles, fútil, agora estava prestes a ser mudado. Uma chance que outro jamais daria, uma chance jamais dada, que vem do céu, do céu dos céus. Alguém já viu algo assim. Ele realmente é demais, você não acha?

Então, o barro é colocado no instrumento. Ele, assim, começa moldar. Molda com amor, com carinho e dedicação. Molda com muita paciência. Molda pra se chegar àquilo que quer fazer, nada mais, nada menos. Molda e, moldando, começa a chegar às primeiras formas de um vaso, mas não para de moldar.

O barro aos poucos vai crescendo, levantando-se. Aos poucos vai assumindo a forma de um vaso. Alguns consertos aqui, outros ali. O barro ainda está no instrumento, sob aquelas pacientes mãos. Então, ninguém mais diz que aquilo foi barro, mas todos já veem o vaso quase pronto. Ele viu o vaso quando olhou para aquele barro no chão. Ele não vê como nós vemos.

Porém, o barro é muito ingrato. Quando se vê alto e grande, quando se vê vaso, enche-se. Uns chamam de soberba, outro de arrogância. Há aqueles que chamam de orgulho. Ele porém, não chama de nada desses nomes, mas chama de queda. Assim que o barro enche-se, desmancha-se. Não adiantou nada, voltou a ser barro.

Ele, assim, toma mais uma vez o barro e não cessa o serviço. Permanece trabalhando, na verdade, trabalha até hoje. Mantem-se ali, moldando o barro que, por sua vez, parece não ter aprendido a lição, pois volta a encher-se e desmanchar-se. E, depois de muito serviço, parece estar pronto, pronto pra ser vaso.

Quando o vaso enche-se, é porque não aprendeu a lição, a lição de que vaso é feito simplesmente para servir, nada de ser servido. Ele, porém, não desisti até ver o vaso terminado, até ver o vaso pronto. Nós nunca sabemos quando o vaso está pronto ou não. Ele, contudo, sabe exatamente quando isso acontece.

Porém, o barro engana-se mais uma vez. Não basta ter o formato de um vaso, é preciso ser um vaso, e para ser um vaso é necessário passar pelo fogo. O fogo fortalece as ligas do barro, para não deixar nenhuma brecha de vazamento. Porém o fogo arde. Ele sabe que é melhor um vaso que tenha passado pelo ardor do fogo, do que um vaso que não tenha.

E o vaso que um dia fora um pedaço de barro, começa a arder naquele fogo. Não é fácil, porque dói bastante. O fogo é persistente e forte, mas fortalece o barro também. Às vezes o vaso pensa que não vale a pena. Ele, porém, sabe que sempre vale a pena deixar o vaso no fogo.

Assim, quando o vaso finalmente é vaso, pode receber o Azeite. Ele, então, derrama com todo o amor o Azeite no vaso. É tão bom ver um vaso cheio de Azeite! É consolador, revigorante ver que todo aquele trabalho teve um fim lindo. Um fim maior do que podemos pedir ou imaginar.

O vaso agora pode repartir o Azeite para outros vasos. Não importa o tamanho dele, não importa o seu formato, não importa o que um dia disseram dele, ou o que fizeram com ele. Não importa se ele foi pisado, humilhado ou esquecido. O que importa mesmo é que um dia ele se deixou ser barro nas mão do Oleiro. Do grande Oleiro. Do majestoso e poderoso Oleiro.

O que na verdade é importante, é que o Oleiro viu e amou o barro. E, do barro, nos trouxe a vida. Soprou em nossas narinas o Seu Santo Espírito. Enviou o Seu amado Filho pelo barro desprezado. Nós ainda somos barro, Ele, porem, é Rei soberano assentando num trono de glória e poder.

“Mas agora, ó SENHOR, Tu és o nosso Pai: nós o barro, e tu o nosso Oleiro; e todos nós obra das Tuas mãos.” Isaías 64:08

Deus abençoe!!

Comentários

  1. Gostei do texto. Na verdade eu gostei muito deste jeito diferente que vc está escrevendo os textos agora.

    Deus abençoe

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  2. Deus é um grande parceiro do blog!! Aleluia!!!! Muito obrigado Senhor Jesus!!!

    Obrigado, Deus abençoe também!!!

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